⁃ Acorda, mãe.
⁃ Já tô acordada.
⁃ Não, mãe. Acorda pra vida. Vou me casar hoje.
⁃ Ah, para de loucura! Você só tem 7 anos.
- Não, mãe. Eu não tenho 7 anos. Eu já tenho 26!
- O quê?
- É, mãe. Você ficou tanto tempo dormindo na sua falsa realidade que esqueceu da vida.
- Nada a ver. Eu estava acordada.
- Não, mãe. Você não estava. Você esqueceu que o tempo passa?
- Mãe!
- Olha meu filho!
- O que?
⁃ Mãe, você dormiu de novo?
⁃ Não. Claro que não. Imagina.
- Mãe, meu filho se formou
- Não, mãe. Ele já é adulto
- O que?
- Mãe, não dorme mais ok? Você está doidinha já.
- Ok…
- Mãe, se prepare.
- Seu neto vai se casar.
- Mas já? Tão rápido.
- Mãe, ele tem 28 anos.
- Ah tá… Eu já sabia
- Entendi, mãe.
- Mãe!
- Olha que linda!
- Quem é essa?
- É a filha do meu filho. Sua bisneta.
- O que?
- Ele se casou. Lembra?
- Estava dormindo, isso sim…
- Mãe! Mãe!
- Você está morrendo.
- O que? Nada a ver. Eu só tenho 59 anos.
- Não, mãe. Você tem 79.
- Ah tá. Eu sabia.
- Adeus, mãe.
Esse poema é da autoria de Kíssia Anacleto, minha filha de 13 anos que sonha ser escritora. Ele me lembrou da obra Sobre a Brevidades da Vida de Sêneca, do qual eu cito:
"Não é que tenhamos pouco tempo pra viver, mas sim que desperdiçamos muito dele."
Achei muito bom, mas como mãe tem tendência a corujices, compartilho para vocês avaliarem e verem se ela tem futuro...

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