Existem momentos em que
temos que redescobrir os pequenos prazeres da vida, a conversa, a poesia, a
amizade, tudo umedecido por um bom café, há momentos em que nos sentimos tão
completos que nada nos desestrutura e por vezes completamente vazios. São
nestes momentos vazios que a amizade nos preenche, e acompanhada de um bom
café, tem o dom de nos devolver as alegrias e percepções perdidas com o
sofrimento. Cientes que não há facilidades na vida, nos apegamos às amizades.
Quem nunca, num momento de desespero correu pra um amigo sem pedir
absolutamente nada além de dez minutos sentados lado a lado em silêncio,
olhando pro horizonte e bebendo um gole de um café ou chá fumegante que tinha o
poder de lavar a alma como a mais forte chuva de janeiro. Falar de café é
basicamente falar de amizade, de estar junto e de compartilhar da vida, dos
sabores e das experiências que partilhamos ao longo desta breve jornada que
chamamos de vida.
As memórias do café me vêm
da mais tenra infância, na qual eu sentava pela manhã em varandas rodeadas de
verde e sentia o aroma inconfundível da bebida, sequer entendia sua
importância, tanto naquele momento como ao meu redor. Era eu nascida em
Vassouras, à princesinha do café nos tempos áureos que construiu com muito
sangue sua história cafeeira e levou seus aromas a todas as partes do Brasil,
fazendo de nós dependentes do afago desta maravilhosa bebida. Vassouras a muito
ficou pra trás, mas o afago aconchegante do café foi redescoberto graças à
amizade descoberta e dos amores em comum, um deles: café, não necessariamente
puro, não necessariamente quente, mas necessariamente amigo. Em volta de uma
xícara de bebida trocamos experiências, rimos, choramos, nos aquecemos e após
um dia muito cansativo descansamos as pernas numa cadeira envolta num aroma
quente e doce capaz de resolver qualquer problema que o mundo nos trouxera.
Mas café além de quente deve
ser saboroso e percebemos que estamos sempre atrás de um café bom, ou de um bom
café, e acabamos por nos tornar apreciadoras e analistas de cada um que
tomamos, de brincadeira, ou não! Mas cada vez que tomamos percebemos a forma
como é feito e como os sabores se integram em cada xícara, assim nasceu esta
ideia, contar pra vocês nossas experiências com café, com a vida... por onde
passamos e quem sabe um dia sejamos todos amigos tomando e compartilhando as
experiências através de uma doce, quente e calorosa xícara de café.
Deixo vocês a apreciar algo
que nos encanta além do café a poesia, hoje aqui apresentada por mim e escrita
pelo poeta Carlos Seabra, enquanto ouço Cotidiano, de Chico Buarque...
“Um beijo no pé,
Outro em tua boca,

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